sábado, 2 de setembro de 2017

ESPIRITUAIS?


Tudo que é próprio ou originário do espírito é considerado espiritual, e hoje, na igreja cristã, existem alguns mitos a respeito da espiritualidade.

Algo muito comum e acreditado hoje: Considerar alguém como "espiritual" apenas por ver nessa pessoa a manifestação constante de dons espirituais. Outra verdade acreditada: Achar que os frutos do espírito são superiores aos dons.

Bem no início da minha fé, eu acreditava na primeira assertiva do parágrafo anterior. Com o tempo, percebi que não era bem assim, e passei a acreditar na segunda, o que também foi um engano. Só após meditar e meditar na palavra, fui percebendo os enganos existentes em torno dos dons e frutos espirituais, os quais, tentaremos desmistificar aqui nessa postagem, deixando claro, que esse não é um assunto para ser encerrado nestas breves considerações.

DONS ESPIRITUAIS

Há uma variedade muito grande de dons e Deus é fonte de todos eles. Embora tenhamos talentos naturais que também são concedidos por Deus, os dons espirituais são independentes do DNA e entregues a alguém, especificamente, em benefício do outro. Quando isso ocorre? Quando aceitamos a Cristo como nosso Salvador, recebemos o Espírito Santo e, a partir daí, temos disponíveis para nós, os dons espirituais.

"Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos." (1 Coríntios 12:4-6)


Os dons espirituais são aptidões especiais concedidas por Deus aos cristãos para serem utilizados na obra dele. Isso não significa que esses dons são entregues, tão somente, a pessoas especiais. Eles são concedidos de forma sobrenatural, não para exaltar quem recebe, mas para capacitar esta pessoa em seu ministério. O que importa para Deus não é o dom em si, mas o zelo de cada um na utilização desse presente dado por Ele para a edificação da sua igreja.

"Assim também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para edificação da igreja." (1 Coríntios 14:12)

"De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; Ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria." (Romanos 12:6-8)

"..servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale como entregando oráculos de Deus; se alguém ministra, ministre segundo a força que Deus concede; para que em tudo Deus seja glorificado por meio de Jesus Cristo, a quem pertencem a glória e o domínio para todo o sempre. Amém." (1 Pedro 4:10,11)

Sobre esta questão da edificação, o apóstolo Paulo afirmou que a igreja de Corinto deveria procurar, também, os dons que servissem ao corpo todo, e não somente aqueles que beneficiavam apenas a cada um individualmente. Veja que ele fala em buscar muito mais os que edificam a igreja e não em deixar de buscar os demais. No caso de falar em línguas sem interpretação, a pessoa edifica-se a si mesmo, mas é um dom com recebimento de poder que a ajudará em seu ministério, seja ensinando, pregando, administrando, etc.

"E eu quero que todos vós faleis em línguas estranhas; mas muito mais que profetizeis, porque o que profetiza é maior do que o que fala em línguas estranhas, a não ser que também interprete, para que a igreja receba edificação." (1 Coríntios 14:5)

Como já dito, existem muitos dons, manifestados, em nós, através do Espírito Santo para que seja útil (serviço, ensino, ministério, etc.) e não para exaltação do recebedor. Os dons são divididos a cada um como Deus quer. Cada um tem direito a sua parte, mas quem decide como será feita a divisão é o Senhor. Veja que cada pessoa recebe, pelo menos, um dom. Os dons estão disponíveis para todo cristão, não somente para determinadas pessoas.

"Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer." (1 Coríntios 12:7-11)

O apóstolo Paulo faz uma comparação entre nosso corpo físico e o corpo da igreja de Cristo, explicando a razão da variedades de dons. Ao mesmo tempo, ele afirma que a aparência é enganosa, ou seja, nem sempre o que aparenta ser fraco é diretamente inútil. Órgãos do nosso corpo humano que não estamos vendo (coração, cérebro, pulmão, etc.) são imprescindíveis ao bom funcionamento do restante do corpo, até mais do que outros que estamos vendo.

É preciso ter muito cuidado ao avaliarmos as pessoas somente pelo que vemos. Muitas vezes, existem pessoas ao nosso lado com dons que não estão em evidência, até por falta de oportunidade dada, e que desprezamos porque não estamos apercebidos.

"Agora, porém, há muitos membros, mas um só corpo. E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; e os membros do corpo que reputamos serem menos honrados, a esses revestimos com muito mais honra; e os que em nós não são decorosos têm muito mais decoro, ao passo que os decorosos não têm necessidade disso. Mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela..." (1 Coríntios 12:20-24)

Como membros do corpo de Cristo, desempenhamos cada qual sua função específica e distinta. Você já imaginou se o olho, o coração, as pernas e todo o resto, tivessem somente a função de mastigar e sentir sabores como a boca? Como nos locomoveríamos, sentiríamos ou escutaríamos? Deus divide os dons a cada um como ele quer, visando a organização, melhor desempenho e saúde do Corpo de Cristo. O que ele deseja é o aperfeiçoamento do seu povo para a sua obra. Como poderemos nos aperfeiçoar, fazendo várias coisas ao mesmo tempo?

"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo." (Efésios 4:11-13)

Os dons estão disponíveis para nós, mas precisamos buscá-los com zelo. A Bíblia mostra que devemos procurá-los e procurar abundar neles (1 Coríntios 14:12). Cada cristão tem ou terá um ou mais dons, mas ninguém terá todos.

"Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores? São todos operadores de milagres? Têm todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos? Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente." (1 Coríntios 12:27-31)

Os dons falam muito da espiritualidade do cristão, mas não podem ser avaliados separadamente, pois além desse "plus" concedido para a edificação do cristão e, principalmente, da igreja, faz-se necessário avaliar o caráter desse cristão, e isso se dá através do fruto.

FRUTOS DO ESPÍRITO




Os frutos do espírito revelam o caráter de Deus no cristão, ou seja, é o resultado da presença de Deus na vida de uma pessoa pelo Espírito Santo. Funciona assim: O Espírito Santo age em nosso caráter e o resultado dessa ação são os frutos.

"Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei." (Gálatas 5:22,23)

Há uma condição para ser considerado discípulo de Cristo: dar frutos. Olha só que interessante. Ser discípulo é seguir as ideias de outra pessoa, imitar os exemplos dos outros. Ser discípulo de Cristo é ser seu imitador. Quando recebemos a Cristo como Salvador iniciamos um processo semelhante ao da semente que é semeada em um terreno, necessitando de cuidados para germinar, crescer e transformar-se em uma bela árvore. Mas, ser discípulo de Cristo é ser essa mesma árvore, cheia de bons frutos.

"Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos." (João 15:8)

Não se faz necessário somente dar frutos, mas bons frutos.

"Porque não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto. Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois não se colhem figos dos espinheiros, nem se vindimam uvas dos abrolhos. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca." (Lucas 6:43-45)

Diferentemente dos dons, os frutos do espírito nos levam à santificação, sem a qual ninguém verá a Deus e nos fará herdar a vida eterna. É importante que produzamos bons frutos.

"E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna." (Romanos 6:21,22)

"Porque noutro tempo éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (Porque o fruto do Espírito está em toda a bondade, e justiça e verdade); Aprovando o que é agradável ao Senhor." (Efésios 5:8-10)

Em verdade, os frutos indicam arrependimento daqueles que os produzem, testificando, a busca por uma vida de santificação.

"Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento..." (Mateus 3:8)

Assim como os dons, os frutos, também, provêm de Deus, ou seja, ambos estão diretamente ligados ao Espírito Santo de Deus e provenientes dele. A diferença é que os dons revelam o resultado do nosso relacionamento com Deus e a busca por sua presença, já os frutos são o resultado do agir do Espírito Santo em nosso caráter. Nos dons, o processo vem de cima para baixo e nos frutos, é dentro para fora, porque são gerados no nosso interior, não por nós, mas pelo Espírito Santo.

"Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer." (João 15:4,5)

Observando-se somente os dons espirituais não se é possível avaliar a espiritualidade de alguém, precisamos ver se há bons frutos. Isso não significa que os dons sejam dispensáveis, eles são necessários ao bom funcionamento do Corpo de Cristo. O que se precisa, além de profetizar, é amar, ser manso, alegre, etc. Ao que prega muito bem ou opera maravilhas, é preciso que também tenha domínio próprio, seja fiel, paciente, e não maldizente, mentiroso, infiel, provocador de contendas e etc.

Não podemos afirmar que o dom seja superior ao fruto ou vice-versa, mas podemos afirmar que ambos são provenientes do Espírito Santo e necessários para avaliação da espiritualidade. Ambos revelam o seu grau, ao indicarem o seu nível de relacionamento com Deus e por ter seu caráter moldado e parecido, cada vez mais, com Cristo.

Busquemos, pois, os dons, procurando-os com zelo e dedicação ao que nos for dado, mas, procuremos, também, dar frutos dignos de arrependimento, tornando-nos cristãos, verdadeiramente, espirituais.


Que a paz de Cristo possa habitar continuamente em vossos corações!

Até a próxima,

Diaconisa Rulyanne Silva


*Créditos da primeira imagem para Le Bullon


Referência bibliográfica:

A Bíblia da Mulher: leitura, devocional, estudo. 2ª edição. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011. 2176p.

Abaixo, temos o vídeo deste mesmo tema:


Nenhum comentário:

Postar um comentário

UM COMPROMISSO, UMA ESCOLHA

Olá pessoal!  No post anterior, vimos que comprometer-se com Cristo é assinar um contrato com o próprio amor, porque Deus é amor ...