terça-feira, 21 de novembro de 2017

A MULHER CRISTÃ E A MATERNIDADE



A maternidade é uma experiência de impossível definição em palavras.

Nela, estão envolvidos muitos sentimentos, como o amor, proteção, preocupação, alegria, satisfação, entre outros. Muito desses sentimentos começam a invadir a vida das mulheres antes mesmo delas darem à luz. É como se estivessem ali dentro do coração de cada uma, desde o início, latente, esperando o momento certo para eclodirem.

Quando a mãe vê o rosto do seu filho pela primeira vez, é encantador. Emergem todos esses sentimentos, que vão intensificando-se a cada dia, a cada nova experiência vivida, a cada desafio, a cada alegria, a cada tristeza e, sem querer, passamos a refletir se estamos sendo boas mães, se estamos desempenhando bem o papel da maternidade, se estamos sendo bênçãos para a vida dos filhos ou se estamos falhando em alguma área.

O ser mãe vai muito mais além do que apenas dar a luz a um filho, o ser mãe é um serviço que envolve muito trabalho, mas também, traz muitas alegrias. Deus fez a mulher para ser uma mãe feliz e não infeliz, deprimida e angustiada. A maternidade é, sem dúvida, uma experiência prazerosa.

Faz com que a mulher estéril habite em casa, e seja alegre mãe de filhos. Louvai ao Senhor.” (Salmos 113:9)

Os filhos não são produtos fabricados, embalados e que chegam prontos para serem usados, como num processo sem afinidade alguma entre o fabricante e o seu produto final. Eles precisam receber os cuidados, o amor, a proteção e a instrução no curso de um longo processo que aproximará a mãe cada vez mais de seus filhos.

Mãe cristã é aquela que, além de "fabricar", cuida e ama seu filho. É a que faz o melhor suco, a que tem o colo mais quente, o beijo mais gostoso, a mais bonita e a única a ser chamada de "mãe". Não dê essa honra a outra pessoa, seja você a única MÃE de seus filhos, ainda que eles tenham tias e avós, mas você será para sempre a mãe deles.

Às mães, cabe a tarefa de proporcionar aos filhos um ambiente de compreensão, perdão e amor. Quando você trata com outras pessoas ou até mesmo com os filhos dos outros, você sabe ser compreensiva, amorosa, educada, etc. Mas, se quando o seu próprio filho vem contar seus problemas, seus fracassos ou pecados, imediatamente, você perde a cabeça, esbraveja, é intolerante, ríspida, etc., isso irá afastar você daqueles que você mais quer bem.

Precisamos aprender a proporcionar esse ambiente de amor e compreensão para os nossos filhos, a sermos mães virtuosas, louvadas pelos filhos (Provérbios 31:28).

A maternidade precisa de tempo. Para aquelas mulheres muito sobrecarregadas, mas que desejam ter filhos abençoados é indispensável fazer boas escolhas e administrar o tempo de uma maneira que seus filhos não fiquem em último plano. Não é vedado à mãe cristã trabalhar fora, mas se isso a deixa negligente com sua tarefa de mãe, sem condições de amar, corrigir, cuidar e ensinar, é preciso avaliar a necessidade desse trabalho ou o tempo dedicado a ele, tendo em vista que a mulher cristã foi chamada, primeiramente, para adorar a Deus e, em seguida, ser auxiliadora do seu marido, ajudando-o a edificar a sua casa, incluindo o cuidado com os filhos.



Destacaremos aqui, neste post, com muita simplicidade, o verdadeiro chamado da mulher cristã em seu papel de mãe, assim como vem sendo mostrado ao longo do estudo sobre a mulher, enfatizando aquilo que deve ser, verdadeiramente, priorizado.


Mãe, chamada para ensinar



"Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe, porque serão como diadema gracioso em tua cabeça, e colares ao teu pescoço." (Provérbios 1:8,9)

"Palavras do rei Lemuel, a profecia que lhe ensinou a sua mãe." (Provérbios 31:1)

A palavra de Deus nos mostra através desses versículos que o principal papel da mãe cristã é ensinar. Os ensinamentos da mãe são tão importantes na vida dos filhos que, quando guardados por eles, favorecem a aproximação de boas pessoas ao convívio deles, ao demonstrarem a educação que receberam de seus pais, através de sua conduta, integridade, comportamento e maneira de lidar com as situações do dia-a-dia. Essas demonstrações comportamentais e de caráter dos filhos nada mais são do que os "colares ao teu pescoço", expondo e mostrando a todos, os ensinamentos recebidos dos pais.

"E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te." (Deuteronômio 6:6,7)

O ensino da palavra deve ser diário e pessoal. Uma coisa muito importante que Deus chama atenção dos pais nessa passagem bíblica é que se faz necessário o pai e a mãe estarem no caminho que estão 
ensinando aos filhos. É muito confuso aprender a teoria de que mentir é pecado se, na prática, tudo que se vê é a mãe mentir. Como pode querer que seus filhos gostem de orar ou ler a bíblia se não veem você fazer a mesma coisa?

"Ensina a criança no caminho em que deve andar, e mesmo quando for idoso não se desviará dele." (Provérbios 22:6)

Outra coisa que aprendi meditando na palavra de Deus, em relação a educação e ensino da palavra aos filhos, é que essa responsabilidade é da mãe e do pai. A meu ver, os pais podem até ter uma ponte de apoio na formação cristã dos seus filhos, como uma escola ou pessoas cristãs idôneas, contudo, a responsabilidade dessa educação é dos pais. Somos nós, mães, que devemos ensinar e ministrar na vida de nossos filhos, não esquecendo de estar no mesmo caminho, juntinho com eles. O caminho no qual nossos filhos devem andar somos nós que ensinamos, não terceirize este serviço! Não permita que o mundo ou outras pessoas ensinem seus filhos da maneira errada aquilo que você já deveria ter ensinado corretamente.

Um outro ponto que é importante destacar é a questão do tempo da colheita: quando ensinamos a mesma coisa aos filhos por dezenas de vezes e eles ainda continuam repetindo os mesmos erros, pensamos em desistir. Não desista, continue perseverando, continue semeando a boa semente no solo/coração do seu filho. Um dia ela brotará, mas, para isto, é necessário ter paciência e esperar o tempo, cuidando, regando, protegendo-a dos obstáculos que a possam impedir de crescer.



Em Provérbios 22, é dito que desde criança já inicia-se o ensino do bom caminho, e, quando idoso, andará nele. Vale a pena você repetir mil vezes para a criança que é preciso respeitar os mais velhos ou lavar as mãos antes das refeições, ainda que no momento presente ela continue agindo de forma contrária, mas lá na frente, às vezes quando adulto, você verá os frutos. Continue plantando e não espere resultados instantâneos. A colheita é feita com paciência, como diz Augusto Cury (2015) em "Pais e filhos", "esse é o único investimento que jamais se perde". Ele referia-se ao tempo que os pais "perdem" semeando nos seus filhos, atraindo-os para o seu mundo e ouvindo o que eles têm a dizer a respeito do mundo deles.   

"Porque ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e pôs uma lei em Israel, a qual deu aos nossos pais para que a fizessem conhecer a seus filhos; para que a geração vindoura a soubesse, os filhos que nascessem, os quais se levantassem e a contassem a seus filhos..." (Salmos 78:5,6)


Mãe, chamada para corrigir


"E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando por ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.
Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos.
Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade.
E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela." (Hebreus 12:5-11)

"Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno." (Provérbios 23:13,14)

A Palavra de Deus nos ensina que a correção é feita por quem verdadeiramente ama. A aplicação da disciplina faz parte da função da mãe, pois aquele que está sem ela é como um filho bastardo. A correção está diretamente ligada ao amor, porque depois que ela é aplicada, produz frutos de justiça, livrando a vida daquele que é corrigido de todo o mal e a sua alma do inferno. Aquela que tem zelo e ama o filho com a visão de águia, será capaz de enxergar os perigos e quão danoso é, para a vida dos seus filhos, a falta da correção. Aquela que não o faz, por pena ou porque não quer causar aborrecimentos, nada mais é que negligente em relação ao futuro dos seus filhos.

O que acontece, na maioria das vezes, é que corrigir é difícil e é necessário tempo para a aplicação da disciplina da forma correta. Encobrir as coisas erradas ou corrigir de qualquer jeito é muito mais fácil, perde-se menos tempo e é menos desgastante.



A porta larga sempre é mais fácil e cômoda, mas não é a que nos conduz ao "bom caminho". Aplicar a disciplina em um filho não é algo confortável, porque implica em aborrecer alguém que tanto amamos, mas esse mesmo amor que nos causa constrangimento na hora da correção é o mesmo que vê o quão necessário é fazê-la. A disciplina aplicada da forma correta, sem raiva, explicando o porquê da correção demonstra ao filho que a mãe se importa com ele, e mesmo que seja sofrido para quem recebe, no fim, ele não ficará magoado porque terá sido feita em amor. O caminho da correção é estreito, mas é aquele que conduz à vida!

"Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e amplo o caminho que levam à perdição, e muitos são os que entram por esse caminho. Porque estreita é a porta e difícil o caminho que conduzem à vida, apenas uns poucos encontram esse caminho!" (Mateus 7:13,14)

"Castiga o teu filho enquanto há esperança, mas não deixes que o teu ânimo se exalte até o matar." (Provérbios 19:18)

A aplicação da disciplina é necessária, e, quanto mais cedo for feita, melhor; mas precisa ser feita em amor. Como já dito, a correção está diretamente ligada ao amor e não ao ódio, a ira ou a raiva. Algumas vezes será necessário parar, acalmar-se e esperar o momento certo, sem ira, para aplicar a correção.

"A vara e a repreensão dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma, envergonha a sua mãe." (Provérbios 29:15)

A falta da correção gera crianças descontroladas, birrentas, que não respeitam aos pais ou às outras pessoas. Crianças sem limites, que batem nos pais, e, tudo isso, causa vergonha à mãe, ainda que ela própria não sinta, mas estará envergonhada diante das outras pessoas. Quando somos nós que estamos diante da situação, se não temos firmeza e conhecimento da palavra, deixamos tudo acontecer como se fosse natural ou porque achamos "bonitinho". Mas, quando presenciamos a mesma situação com outras pessoas, mesmo sem querer, já estamos condenando e reprovando a atitudes de pais e mães que não repreendem os filhos.

Mãe, chamada para amar


"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (1 Coríntios 13:4-7)

Maria, mãe de Jesus, passou por muita coisa para trazer o seu filho ao mundo. Ela sabia da missão de Jesus, e, mesmo assim, cuidou dele e não o deixou, mesmo sabendo que era o Filho de Deus.

Será que é possível imaginar os sentimentos dessa mãe, que sabia para quê ela tinha carregado por nove meses, aquela criança, vivenciando toda rejeição, todo sofrimento vivido por Jesus e conhecedora de tudo que ele ia passar? Ela cumpriu seu papel de mãe, educou e amou a Jesus preparando seu filho para o cumprimento do chamado de Deus na vida dele. Ainda que os planos de Deus para os nossos filhos não sejam os nossos, será que somos capazes de apoiá-los e estarmos presentes em todos os momentos? Amar os filhos é prepará-los para os planos de Deus na vida deles.


"Porventura pode uma mulher esquecer-se tanto de seu filho que cria, que não se compadeça dele, do filho do seu ventre?" (Isaías 49:15a)

A Bíblia tem inúmeros exemplos de mães que não se esqueceram dos filhos (Joquebede, Agar, a mãe sunamita, Maria, etc). Deus tem um plano na vida de cada mãe. Ser mãe, na verdade, é um ministério de grande responsabilidade, pois o sucesso ou fracasso dos nossos filhos está, diretamente, ligado a tudo aquilo que ensinamos ou deixamos de ensinar, às correções aplicadas ou negligenciadas e ao amor dedicado ou abdicado.

Vemos Ana, mãe de Samuel (1 Samuel 1:22), que ficou com seu filho até o desmame, cumprindo o seu papel de mãe de maneira excelente, porque ela aproveitou, com muita sabedoria, o tempo que ficou com ele. Samuel tornou-se um grande homem de Deus, e, de algum forma, a presença de Ana na infância dele teve significativa influência nesse maravilhoso resultado. Não negligencie as etapas da vida de seus filhos.

Mãe, chamada para orar


Maurício Zágari (2015) escreveu algo na apresentação do livro de Nina Targino - "Mães de joelhos, filhos de pé - o que acontece quando você ora" - que eu gostaria de compartilhar aqui neste post com vocês, leitores.

"Se você é mãe, tenha a certeza de que, ao dobrar os joelhos em favor de seu filho você contribui decisivamente no mundo espiritual para que ele tenha toda a atenção de que precisa. Mais do que isso: para que ele seja conduzido ao encontro da misericórdia salvadora de Cristo, o único capaz de estender a chave da graça e abrir as portas da eternidade. Por isso, um pai ou uma mãe jamais pode se conformar em atravessar a vida sem uma rotina de intercessão em favor de quem mais ama."

Ao isso ler isto, o Espírito Santo ministrou ao meu coração que o ato de amar minha filha incluía, também, uma vida de intercessão por ela. Por mais que as coisas aparentem estar tranquilas e correndo tudo bem, precisamos "jogar" nossos filhos aos pés de Cristo, encaminhando-os a Ele através do ensino da palavra, do nosso testemunho e da oração. Precisamos interceder pelo futuro deles, pedindo para que pessoas boas possam cruzar os seus caminhos e que sejam usados para o louvor e glória de Deus. Isto independe se seus filhos são grandes ou pequenos, casados ou solteiros, passam por problemas ou não. Estarão sempre debaixo dos joelhos de suas mães. Você pode até não ver, imediatamente, os frutos das suas orações, mas quando chegar a época da colheita, alegrar-se-á com os resultados.

"E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada.
Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me! Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.
Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã." (Mateus 15:21-28)

Se essa mãe não tivesse clamado pela vida da sua filha, ela teria continuado endemoninhada. A oração de uma mãe e sua humilhação diante de Deus constrange o coração do Pai. Invista tempo de oração na vida de seus filhos.


Os filhos crescem, começam a comer e vestir-se sozinhos, vão para as escolas, entram nas faculdades, começam a dirigir, conquistam uma carreira, casam-se e não podemos fazer absolutamente nada a respeito destas coisa. A única coisa que uma mãe cristã virtuosa pode fazer é ensinar o caminho que deve seguir, corrigindo-os a tempo, amando-os em todos os momentos e orando para que cada um deles se vá bem.

Na próxima postagem encerraremos essa série abordando aqui a vida ministerial da mulher cristã.

Que a paz de Cristo possa habitar continuamente em vossos corações!


Diaconisa Rulyanne Silva



Referência bibliográfica:

  • CURY, A. Pais e filhos - sem diálogos, as famílias morrem. São Paulo: Gold Editora, 2015.  p. 60.
  • TARGINO, N. Mães de joelhos, filhos de pé - o que acontece quando você ora. 1 ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2015.  p. 144.

* Créditos da primeira e quarta imagem para Le Bullon


UM COMPROMISSO, UMA ESCOLHA

Olá pessoal!  No post anterior, vimos que comprometer-se com Cristo é assinar um contrato com o próprio amor, porque Deus é amor ...